domingo, 15 de abril de 2007

Júlio Adrião, uma Grande Descoberta



A cena carioca do teatro parece ter mudado com a entrada de Júlio Adrião. O ator de 45 anos, que faz o monólogo A descoberta das Américas – adaptação de Johan Padan alla, escrita pelo italiano Dario Fo, está sendo uma grata surpresa para o público. Em cartaz no Rio de Janeiro na Sala Tônia Carreiro do Teatro Leblon, a peça vem atraindo muitos espectadores.

Dirigida por Alessandra Vanucci, a montagem foi destaque no Festival de Teatro de Curitiba de 2005 e o desempenho de Adrião rendeu-lhe o Prêmio Shell no mesmo ano. Com uma técnica apurada, Julio utiliza recursos circenses e de onomatopéia, muita inteligência e humor para contar a história de um pobretão metido a esperto chamado Johan, que embarca em um navio rumo à América numa correria desenfreada para fugir da Inquisição.

O talento de Júlio Adrião vem encantando muitas pessoas como o diretor de teatro e cinema Domingos de Oliveira. O diretor se diz surpreso por nunca o ter visto atuando no Rio de Janeiro. "Cheguei a perguntar se ele era do Paraná, pois ganhou prêmios por lá, eu nunca tinha visto atuar no Rio, é muito bom, é uma revelação!", avalia Domingos, para quem o personagem de Júlio parece um Macunaíma. "É um anti-herói, ingênuo, mas sem caráter."

O ator é carioca mesmo. Também trabalha como diretor, produtor e tradutor. Formado em 1986 pela Casa de Artes de Laranjeiras, começou sua carreira no teatro de rua. Recém formado criou a Cia. do Público, grupo com o qual participou de alguns festivais até ir para Itália em 1992 onde trabalhou seis anos com o Teatro Potlach e outras companhias. Lá ele treinou muito a parte física para poder se aperfeiçoar.

Ainda na Europa Júlio ganhou o livro A descoberta das Américas. Logo se interessou pelo texto que fala sobre a colonização e também do Imperialismo que os países do hemisfério norte impõem aos do sul. Ele resolveu então desenvolvê-lo e transformá-lo em uma peça de teatro. Em 2000, ele mesmo traduziu o texto, porém só em 2004 Júlio levantou a estrutura. Junto com Alessandra Vannucci, produziram e resolveram colocar o projeto para frente e no mesmo ano estrearam a peça no Brasil.

Para o ator o sucesso é conseqüência de muito trabalho. "Eu não imaginava esse sucesso todo, mas sei que é fruto de muito empenho e dedicação nesses 20 anos de carreira", revela humildemente.

Devido ao sucesso, Júlio foi chamado para fazer participação na Minissérie da Rede Globo Amazônia e no filme Verônica que estréia ano que vem.


"Tem surgido bastante oportunidade para fazer Tv e cinema, mas não quero mudar meu rumo no momento, se der tempo eu topo, mas quero continuar o que estou fazendo". Júlio planeja voltar ao velho continente. "Assim que acabar a temporada pelo Brasil quero levar a peça para Portugal".

A peça mudará de local, na próxima semana entrará em cartaz no dia 29 de abril no Teatro Miguel Falabella, e logo depois no Teatro Municipal de Niterói.

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